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O Antigo Testamento


Na Bíblia, como todos os leitores têm amplo conhecimento, o Antigo Testamento é a herança que nós recebemos dos judeus com as variações sobre as quais nós falamos no artigo anterior, publicado no Jornal da Cidade, no último fim de semana.

A palavra “testamento” é uma tradução aproximada do grego diatheke, que indica uma característica fundamental da revelação, isto é, o pacto ou aliança que Deus contraiu com um povo, a quem Ele tinha escolhido, ou seja, o povo de Israel.

A referida aliança (berith em hebraico) era uma espécie de contrato, uma vez que o povo escolhido também aceitou certas condições, especialmente a condição de depositar em Deus a sua fidelidade, como o Deus único e verdadeiro. Assim, o Antigo Testamento é a história desse povo. Uma história repleta de infidelidades do povo para com Deus, mas de fidelidade de Deus para com o povo.

O Antigo Testamento relata o cumprimento do plano de Deus. Tal plano estava ali desde o começo, pois os Testamentos (Antigo e Novo) estão entrelaçados. O Antigo Testamento é a preparação de Deus para o Novo Testamento, para a vinda do seu Filho Unigênito. Logo, o Antigo Testamento só pode ser entendido à luz do Novo Testamento, que é o seu cumprimento, como nos diz Wilfrid J. Harrington, OP (in Chave para a Bíblia. 9 ed. São Paulo: Editora Paulus, 2008, p. 9/10).

A formação do Antigo Testamento demandou um longo processo, desde a criação. Mas, a história sagrada começa mesmo para valer, se assim nos for permitido dizer, com a escolha de Abraão feita por Deus em alguma data durante o século XIX a.C. (Harrington, p. 12). Abraão, o patriarca por excelência, é o homem das promessas divinas, o exemplo mais completo de fé, que podemos encontrar no Antigo Testamento. O homem que saiu de sua comodidade na Babilônia para se aventurar numa terra que ele desconhecia. Mas, a sua fé o fez seguir a voz de Deus, o seu chamado.

Coube, contudo, a Moisés, o líder natural e o legislador, por volta do século XIII a.C. formar, a partir de uma multidão de refugiados, uma nação, iniciando um poderoso movimento religioso e dando impulso para a grande obra literária que é a herança de Israel, e, claro do próprio Deus, para a humanidade. O Pentateuco traz a marca de Moisés, embora a obra composta pelos livros do Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuterônomio acabaria recebendo sua forma final alguns séculos depois de Moisés. Estes são livros históricos, além de outros: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1 e 2 Macabeus.

São tidos como livros didáticos e/ou poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico. Proféticos são os seguintes livros: Isaías, Jeremias, mais Lamentações e Baruc, Ezequiel e Daniel, além dos chamados profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

É difícil determinar a data precisa em que foi escrito cada um dos livros do Antigo Testamento. Além disso, devemos ter consciência que alguns desses livros foram escritos por muitas mãos. Todavia, para a Igreja todos que colaboraram muito ou pouco na elaboração desses livros o fizeram sob a inspiração divina. É por isso que a Bíblia é a Palavra de Deus para nós. Um legado extraordinário, que deve nortear as nossas vidas. Feliz, pois, de quem embasa a sua vida na Palavra de Deus, percorrendo os seus caminhos. E como nós precisamos, no mundo atual, materialista, consumista e relativista, nos voltar para as sábias palavras das Escrituras Sagradas. Como precisamos nos colocar nas mãos de Deus, como o pai Abraão o fez, como Moisés o fez também e tantos outros que ouviram a voz de Deus no interior do seu coração, deixando-se guiar pelos ensinamentos bíblicos.

Muito do Antigo Testamento está baseado na tradição oral, como antigamente era costume. A tradição oral foi passando de geração para geração até que os autores inspirados escreveram cada um dos livros.

Mergulhar no Antigo Testamento é beber na fonte preciosa da qual haveria de jorrar a água viva que nos chegaria pelas mãos e pelos ensinamentos de Jesus Cristo.

Neste mês dedicado à Bíblia, que todos nós cristãos e pessoas de boa vontade possamos nos deter na Palavra de Deus, ainda mais. Que dela nós possamos tirar o maior proveito: aprender a caminhar na busca da santidade. Que Deus nos ajude. Que Ele nos abençoe e nos guarde.

Fonte: Jornal da Cidade (edição de 16 a 18 de setembro/2017)

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