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Missão: ação eclesial e pessoal


Outubro. Mês missionário. Domingo, dia 22, Dia Mundial das Missões em 2017. Não se pode falar em Missões sem que possamos deixar de nos concentrar na pessoa de Jesus Cristo, “o primeiro e maior evangelizador”, como afirma Paulo VI, na Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” (nº 7), de 8 de dezembro de 1975,que, a despeito do tempo, continua atualíssima. Aliás, vale a pena ler ou reler o seu texto. Para praticar.

Em sua mensagem sobre o Dia Mundial das Missões,o Papa Francisco nos exorta a “refletir novamente sobre a missão no coração da fé Cristã”. A Igreja nasceu missionária, para ser missionária. Sempre. Nisto, repousa a sua natureza cristã. Sem isto, ela não poderia jamais ser a Igreja de Jesus Cristo. Assim como o Divino Mestre não teve descanso, percorrendo cidades,

vilas e povoações, anunciando a Boa Nova, pregando a chegada do Reino de Deus, a Igreja não pode encastelar-se, entronizar-se, escorar-se entre colunatas e paredes, entre comodidades pessoais ou coletivas. Jesus nos disse: “o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt

8,20; Lc 9,58). Esta deve ser a disponibilidade missionária.

Assim, é que a Igreja missionária não deve ter “onde repousar a cabeça”. Como Jesus mandou os setenta e dois, de dois em dois, à sua frente, a Igreja precisa de muitos grupos de “setenta e dois”. De centenas. De milhares. De milhões deles. Será desta forma que a Boa Nova do Verbo Encarnado será anunciada pelo mundo inteiro. Sem descanso. Sem reticências. Promovendo, se preciso for, novos martírios. A Cruz do Salvador não é um lenho qualquer a ser levado pelo mundo afora. É o Lenho “do qual pendeu a salvação do mundo”, como cantamos na Semana Santa. Como devemos cantar por toda a vida.

Disse-nos o Papa Francisco em sua mensagem, acima referida: “Por conseguinte, a mis-são da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente, através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nos-so contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra”.

Estas palavras de Francisco devem calar fundo em nossos corações. Somos cristãos. So-mos católicos. Na universalidade da nossa fé está o chamado para a missão. Está o mundo a nos esperar. Estão os irmãos e as irmãs sedentos da Palavra de Deus. Palavra que nos reconforta, que nos reconcilia, que nos mantém em chamas. Chamas de amor que não quer ser apenas manifestado por palavras, mas por gestos concretos. Na concretude das missões está a essência do Evangelho, que é vida que se doa, e que se doa por amor. Foi isto que nos disse o Nazareno. Foi isto que Ele viveu. E viveu entre nós para que Dele nós pudéssemos aprender. Aprendizado prático. Incessante.

Disse, ainda, o Papa Francisco em sua mensagem: “façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da evangelização”. E que: “Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação”.

Ora, Maria, a Mãe do Divino Pastor, foi elevada, no último domingo, dia 15, à condição de Padroeira da Província Eclesiástica de Aracaju, por decisão dos Bispos que pastoreiam o povo de Deus nas três Dioceses, e por aclamação dos católicos sergipanos. Ou seja, Maria, na cidade de Divina Pastora, no 59º ano de sua peregrinação, foi proclamada Padroeira do estado de Sergipe.

Aquela jovem de Nazaré foi missionária. Correu a ajudar Isabel, sua prima, atravessando montanhas para mostrar-se companheira, para estar ao seu lado quando ela estava prestes a dar à luz ao seu filho João, o Batista, o precursor de Jesus. E a missão de João foi preparar o caminho do Salvador.

Hoje, neste mundo tão conturbado, a nossa missão é dar sequência ao anúncio do Reino de Deus. É arrancar das páginas do Evangelho a parábola do semeador e trazê-la para o nosso cotidiano, efetivando-a e tornando-a eficaz. E jamais devemos esquecer que o êxito da vida missionária depende deste binômio: oração e ação.

A missão é da Igreja. A missão é de todos nós e de cada um de nós. Missão, portanto, eclesial e pessoal.

Que Deus nos fortaleça no exercício da nossa missão. Assim seja.

Artigo publicado no Jornal da Cidade, edição de 21 a 23/10


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