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Missões: um chamado para todos


Encerra-se outubro. Encerram-se também as ações do mês mundialmente dedicado às Missões? Decerto que não. As ações missionárias devem levar a vida inteira. Para a Igreja e para cada católico,seja clérigo, religioso (a) ou leigo (a). O chamado é para todos. Dele ninguém deve se escusar se for verdadeiramente cristão, se estiver impregnado da responsabilidade universal que recai sobre a Igreja de Jesus Cristo, no geral considerada, bem como sobre cada um (a) individualmente. Quando Jesus disse: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15), Ele não se dirigiu apenas aos apóstolos, mas a todos que os sucederiam.

Todos nós somos chamados a apascentar. A semear. A tomar os mais diversos caminhos,para encontrar os irmãos e as irmãs. A empreender as mais longas jornadas. A levar avante a Cruz. A quebrar barreiras e preconceitos. A acolher e a cuidar. A amar-nos uns aos outros. Sem fronteiras.Eis a nossa missão permanente.

As Missões não conhecem fronteiras. Elas estão na África, na Amazônia, mas, por vezes, muito perto de nós.Ou seja, o campo para as Missões pode estar ao nosso lado. Bem juntinho de nós. Nas periferias geográficas, nos subúrbios onde impera a violência, o descaso, o desamor, a falta de serviços públicos básicos, a falta da presença e da palavra do pastor. Todavia, também nas periferias existenciais, como nos diz o Papa Francisco, ele que nos fala de cátedra, que viveu e conviveu com tudo isso na sua Argentina, onde, por anos a fio, populações empobreceram e continuam sofrendo. Lá, como aqui, no Brasil, os tempos têm sido difíceis.

As Missões nos esperam. Cada um(a) deve saber o que tem a fazer e como deve fazer. O essencial é que se possatomar o arado sem olhar para trás. Ser missionário (a) é ter a certeza de que Cristo está consigo e que Ele deve ser levado adiante, através da sua Palavra, dos seus ensinamentos. Ele nos ensina que devemos sair sem levar bordão, sem levar alforjes. Quer-nos de sandálias nos pés. As sandálias da humildade em reconhecer que muitos ainda precisam de nós. Pode ser dentro das nossas casas, no nosso ambiente de trabalho ou de lazer. Seja lá onde for. Quem se faz missionário (a) não escolhe lugar, não escolhe pessoas. Qualquer lugar pode ser lugar de Missão. Qualquer irmão ou irmã pode precisar da nossa ação missionária. Em frente, sempre em frente. Lembremo-nos das caminhadas de Paulo após a sua conversão. Sem as suas andanças, por cento não teríamos tantas comunidades cristãs formadas naquele primeiro século do Cristianismo.

Uma Igreja em saída, como exorta Francisco, é uma Igreja formada por pessoas disponíveis como Jesus foi disponível para compreender, para amar, mas, também, para jamais regatear, nem titubear. Ele soube muito bem levar a contento a sua missão, a missão que o Pai lhe confiou. Ele anunciou e denunciou. Foi firme. Decidido. Em nome do Reino de Deus, profetizou, curou, compadeceu-se, reagiu quando foi precso reagir. Jamais perdeu o rumo. Nunca pensou em si mesmo, mas viveu para servir, e não para ser servido.

Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, diz-nos a CNBB, no capítulo I, cujo título é “Partir de Jesus Cristo”: “Jesus Cristo é a fonte de tudo o que a Igreja é e de tudo o que ela crê. Em sua missão evangelizadora, ela não comunica a si mesma, mas o Evangelho, a palavra e a presença transformadora de Jesus Cristo, na realidade em que se encontra. Ela é a comunidade dos discípulos missionários, que respondem permanentemente à pergunta decisiva: quem é Jesus Cristo? (Mc 8,27-29). O fundamento do discipulado missionário é a contemplação e o seguimento de Jesus Cristo. Como afirma o Papa Francisco, ‘a melhor motivação para decidir co-municar o Evangelho é contemplá-lo com amor, é deter-se nas suas páginas e lê-lo com o coração’”.

Diz-nos, ainda, a CNBB, nas Diretrizes, que as “marcas que configuram” a vida dos missionários à vida de Jesus são a alteridade e a gratuidade. Como todos o sabem, a palavra “alteridade” vem o do latim “alter”, que quer dizer “o outro”, o próximo, aquele que espera por nós, que, muitas vezes, depende de nós, da nossa ação missionária. O “alter” é o irmão e a irmã, que encarnam Cristo.

Pela gratuidade, nós sabemos que “a vida só se ganha na entrega, na doação”, como nos ensina, ainda uma vez, a CNBB. Afinal, disse-nos Jesus: “Quem quiser perder a sua vida por causa de mim a encontrará” (Mt 10,39).

Enfim, a missão de todos os católicos é manter um “vínculo efetivo e afe-tivo com a comunidade dos que descobriram fascínio pelo mesmo Senhor”, Jesus Cristo, como nos ensinou Paulo VI, na Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”, de 1975.

A missão de cada cristão católico é a missão da própria Igreja, que, por sua vez, é a missão de Jesus Cristo, que se “origina da Trindade e do plano salvador do Pai e que se realiza sob a ação do Espírito Santo”, como diz com precisão João Panazzolo, no livro “Missão Para Todos”.

Encerra-se o mês dedicado às Missões, mas abrem-se cada vez mais as portas da ação missionária. A todos (as), a nossa bênção com votos de um bom fim de semana, irmanados (as) em Cristo Jesus.

Publicado no Jornal da Cidade, edição de 28 a 30/10/2017


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