O Ano dos Leigos e das Leigas na Igreja de Jesus Cristo

O ano de 2018 será dedicado pela Igreja Católica no Brasil aos leigos e às leigas que ajudam a compor o Corpo Místico de Cristo, conforme nos ensina a Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, do Concílio Vaticano II. Desde, pois, o Concílio Vaticano II, a Igreja vem procurando consolidar uma visão nova do que deve ser compreendida como a composição dela própria, ou seja, da Igreja que Jesus Cristo fundou, ao dizer a Simão Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Aliás, é por causa destas palavras do Filho de Deus que, por mais problemas que a Igreja Católica venha a enfrentar, ela consegue continuar firme na sua missão de depositária da fé. Jesus jamais abandonará a sua Igreja. Essa nova visão, porém, tem alicerces na vida da Igreja dos primeiros séculos do cristianismo.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – houve por bem de dedicar o próximo ano aos fieis que, não sendo ordenados, são colunas firmes da Igreja. Os leigos e as leigas que se espalham em diversos movimentos e pastorais, antigos (as) e novos (as), dedicando preciosos momentos de suas vidas ao anúncio da Boa Nova de Cristo, sob as mais diversas maneiras, com os mais variados carismas, precisam ser melhormente compreendidos (as) pela hierarquia da Igreja. Sem eles e elas, o que seria da Igreja? Se Jesus é a cabeça do Corpo Místico, este Corpo não existiria apenas com a sua composição clerical.
Os membros do clero, no diaconato, no presbiterado e no episcopado, continuam guiando os fieis não ordenados, mas, sem estes, não haveria o espaço para o pastoreio espiritual. Logo, urge que nós do clero possamos compreender isso e, por conseguinte, estreitarmos ainda mais as nossas mãos às mãos dos nossos leigos e das nossas leigas, que tanto bem fazem e podem fazer muito mais à Igreja, para que ela possa continuar ainda mais firme, ainda mais abrangente na missão de anunciar o Reino que Jesus veio nos trazer e denunciar as mazelas que tentam impor barreiras à moral cristã, à tradição apostólica, ao magistério da Igreja e à Palavra de Deus, sustentáculo maior das nossas vidas cristãs.
O Concílio Vaticano II, no Decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o Apostolado dos Leigos, disse: “Pois o apostolado dos leigos, decorrente de sua vocação cristã, nunca pode faltar na Igreja. As Sagradas Escrituras provam abundantemente quão espontânea e fecunda foi esta atividade nos primeiros tempos da Igreja” (n. 1331). Na verdade, nós encontramos em várias passagens do Novo Testamento (At 11,19-21; 18,26; Rm 16,1-16; Fl 4,3) a maneira como os (as) chamados (as) leigos e leigas dedicaram-se desde o início à expansão do cristianismo, inclusive cedendo suas respectivas casas para a celebração do culto divino.
Ainda no Decreto sobre o apostolado leigo, diz o Concílio Vaticano II: “Nosso tempo exige dos leigos um zelo não menor, pois as circunstâncias atuais reclamam deles um
apostolado mais intenso e mais amplo” (n. 1332).
Assim considerando, a CNBB editou, com o apoio do Conselho Nacional do Laicato no Brasil – CNLB – o Documento para estudo nº 107. Após várias reflexões e contribuições dos leigos e das leigas de todas as Regionais, foi editado, ainda para estudo, o Documento 107-A. Por fim, em abril do ano passado, a CNBB editou o texto final, o Documento nº 105 com o título de “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”. E tendo como subtítulo “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13-14).
No último curso do clero da Província Eclesiástica de Sergipe, que reúne a Arquidiocese de Aracaju e as Dioceses de Estância e Propriá, realizado em setembro último, o tema escolhido para reflexão e debate foi exatamente o Documento 105 da CNBB. Nós do clero pudemos aprender um pouco mais sobre este documento tão importante para a vida da Igreja, e não apenas para os leigos e as leigas.
Na apresentação feita ao Documento 105, Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secretário-Geral da CNBB, disse: “Os cristãos leigos e leigas receberam, pelo Batismo e pela Crisma, a graça de serem Igreja e, por isso, a graça de serem sal da terra e luz do mundo”.
Dom Leonardo lembrou ainda que: “No dom de ser cristão, todos se tornam discípulos missionários. O discípulo, tocado pelo chamado, aprende, no seguimento, o modo de Jesus. Na descoberta do viver como Ele, torna-se anunciador, testemunha. Na dinâmica amorosa e suave do Espírito que anima e dinamiza a Igreja, os discípulos missionários recebem uma variedade de ministérios, carismas, vocações e serviços. Não são funções; não é organização! São expressões do modo de os batizados viverem em Cristo, fecundados pelo Espírito. Como lembra São Paulo: ‘Todos nós (...) fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo’ (1Cor 12,13)”.
Todos nós, clero e laicato, somos do Pai. Somos seguidores de Filho. Somos iluminados pelo Santo Espírito. Somos irmãos. Somos missionários. Que possamos, então, aprender a viver ainda mais juntos, ainda mais unidos, para a glória do Reino Celeste.
Deus abençoe a todos e a todas.