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Ações para superar a violência


Todos nós devemos estar a serviço da vida humana. Foi isso que Jesus nos ensinou. Foi isso que Ele o fez.

O nosso Salvador Jesus Cristo, por conta de sua missão entre nós, e cumprindo a vontade do Pai, sempre foi inquieto. Percorreu cidades e povoados. Jamais teve descanso. Em resumo, Ele sempre foi um homem de ação. Homem-Deus, que nos ensinou, com amor e pelo amor, a superar as dificuldades, inclusive a violência.

No quinquagésimo Dia Mundial da Paz, no ano passado, o Papa Francisco nos disse: “Todos desejamos a paz, muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para a construir”.

No nosso dia a dia, há pequenos gestos que podemos realizar e que dão testemunho de “como os valores do Evangelho são imprescindíveis para a construção de um mundo novo, sem violência”, diz-nos o Texto Base da Campanha da Fraternidadedeste ano. Não precisamos de grandes feitos, de monumentais realizações, como gostam os megalomaníacos, a fim de que possamos começar a pavimentar o caminho para a superação da violência e a consequente afirmação da paz.

Estamos convictos de que “um agir que supera a violência tem como fundamento o Evangelho que aponta para a grandeza da vida e a beleza de viver”. Eis o que temos que fazer: testemunhar a beleza da vida e aprender a vivermos como irmãos.

A fraternidade poderá mudar a face do mundo. Jesus deu-nos o exemplo. Ele é o grande exemplo de vida fraterna. Viveu com os seus discípulos. Conviveu com todos os chamados marginalizados, os que não tinham vez nem voz em Israel. Serviu o quanto pôde e a quem pôde servir. Colocar-se a serviço dos irmãos é um gesto concreto de fraternidade. Não é a fraternidade das belas palavras, dos belos discursos políticos ou das belas homilias nos templos.

A verdadeira fraternidade, que constrói a paz e ajuda a superar a violência, é a que é traduzida em gestos de acolhimento, gestos de dar a mão, de caminhar juntos, aprendendo de Jesus e caminhando para Ele. Gestos de partilha. Partilhar a vida, partilhar o amor que de tão inquieto quer desprender-se do nosso coração para tocar as fibras de outros corações, para tocar as chagas físicas e espirituais dos nossos irmãos mais pobres, mais carentes, mais sofridos. Foi, sobretudo, para estes pobres que Jesus dedicou a sua vida terrena. O Filho de Deus veio para todos, ricos e pobres, mas, a sua predileção foi exatamente por aqueles que mais sofrem. E são estes os que mais padecem por conta das mais diversas formas de violência.

A violência contra os pobres vai além da violência que pode atingir os mais prósperos. Estes têm muito mais meios de defesa. Porém, os pobres, além da violência que está solta nas ruas, por ineficiência dos governos, que não previnem o combate à violência nem a reprimem de maneira adequada, que não criam políticas públicas que possam atender as diversas necessidades sociais do povo e, especialmente, dos mais vulneráveis, padecem os pobres de uma forma de violência que se arrasta no mundo desde os tempos antigos: é a exploração do homem pelo homem. No campo e na cidade.

Os pobres, no mundo inteiro, são explorados por um sistema sócio--econômico-político que denigre a natureza humana. No comunismo, o ser humano sofreu sem liberdade. No capitalismo, o ser humano sofre sem igualdade. Portanto, dois sistemas que deixam a desejar.

Nós cristãos católicos, para superar a violência com ações destemidas, devemos nos voltar para a Doutrina Social da Igreja, esse cabedal que precisa ser vivenciado muito mais, na vida prática. Muitos de nós, entretanto, corremos da Doutrina Social da Igreja, que é uma face do Magistério da própria Igreja Católica. Muitos de nós nos trancamos nas celebrações e esquecemos que a verdadeira celebração do sacrifício do Senhor Jesus vaialém do altar, para encontrar os irmãos na sua vida de necessidades materiais e espirituais, vendo em cada um deles a verdadeira face de Jesus Cristo. Precisamos comungar na Mesa Eucarística e comungar nas dores dos irmãos, ajudando-os na superação da violência que os atinge. Na Hóstia consagrada nós temos o verdadeiro corpo de Jesus Cristo. Na pessoa do irmão que sofre, nós vemos o próprio Jesus que sofre.

A fraternidade verdadeira não nos deixa caminhar sozinhos. Ela nos põe em marcha com os irmãos. Os que têm os nossos sonhos, os nossos anseios, as nossas necessidades, os nossos sofrimentos, o nosso olhar em reconhecer no outro um irmão em Cristo.

Já se disse que a vida do cristão é como uma tateante busca de Deus. Na caminhada cristã, nós podemos até tatear na busca de Deus, mas, nós temos certeza de que estamos no caminho certo. E quem busca a Deus não tem o direito de ir sozinho. Devemos caminhar juntos, ainda que possamos ter diferenças. Na diversidade nós encontramos a unidade. A união nos levará a superar todas as formas de violência que parte da sociedade produz ou induz.

Que todos nós, cristãos e cristãs, sejamos firmemente os que lutam para superar a violência, para promover a paz. Precisamos ser comprometidos com o Evangelho de Jesus.

A Campanha da Fraternidade nos chama para a ação em prol da superação da violência. Que a Campanha, como muitas vezes ocorre, não venha a se esvair ao final da Quaresma. Que ela possa surtir efeito ao longo do ano, ao logo da vida, pois a fraternidade deve ser exercitada no nosso dia a dia. E a superação da violência deve ser buscada por todo o tempo.

Há uma realidade dura a ser enfrentada. Há formas variadas de violência a serem superadas. No capítulo dedicado ao “Agir”, o Texto-Base da Campanha diz que: “Em uma cultura de paz, homens e mulheres são chamados a testemunhar o amor, e a sociedade para estabelecer a harmonia entre as relações de poder, que devem estar a serviço da vida humana”.

Todos nós devemos estar a serviço da vida humana. Foi isso que Jesus nos ensinou. Foi isso que Ele o fez. Se nós somos seus seguidores, não devemos nos acomodar. A vida cristã nos chama para a ação. Superar a violência é exercício pleno da fraternidade.

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