A Exortação do Papa Francisco e a CNBB
A CNBB reafirma o seu compromisso histórico ao longo de 65 anos com o Caminho, com a Verdade e com a Vida, que é Jesus Cristo.

A Exortação “Gaudete et Exsultate” do Papa Francisco dá-nos indicações sobre como viver a santidade - um chamado que é para todos - em um mundo que apresenta tantos desafios à fé. O mundo conturbado de hoje, todavia, em certos aspectos, não é mais ou menos conturbado do que o mundo do tempo em que os apóstolos de Jesus saíram a semear as sementes preciosas do Evangelho. Os desafios de ontem são os de hoje e estes serão os de sempre. Somos os novos anunciadores da Boa Nova de Cristo sem jamais temer os novos desafios. Afinal, não devemos ser cristãos pela metade. Ao tomarmos a decisão de pegar no arado, não olhamos para trás. Ao tomarmos a cruz, o fazemos com a convicção de seguir ao Bom Pastor, Filho Unigênito de Deus e nosso Salvador.
Na Coletiva de Imprensa da 56ª Assembleia Geral da CNBB, realizada na tarde da última quinta-feira, dia 19, o Cardeal de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, e presidente da entidade, fez divulgar uma mensagem auspiciosa dirigida ao povo de Deus, na qual se refere, dentre outros documentos da Igreja, à Exortação do Sumo Pontífice, que acabamos de mencionar.
Aliás, a mensagem da CNBB mostra claramente a unidade dos Bispos do Brasil junto ao Papa Francisco e o zelo apostólico da Igreja Católica brasileira a não se alinhar com nenhuma ideologia politica, mas, sim, a proclamar o Evangelho do Príncipe da Paz e a manter a opção preferencial pelos mais pobres como Jesus o fizera e como o Santo Padre para tanto nos tem chamado a atenção.
Ainda que, às vezes, sob os açoites partidos dos arraiais da intolerância e do desconhecimento, da falta de discernimento e do julgamento precipitado ou inconsequente, como se tem visto nas redes sociais, a CNBB reafirma o seu compromisso histórico ao longo de 65 anos com o Caminho, com a Verdade e com a Vida, que é Jesus Cristo.
A CNBB, pelos Bispos que a compõem, não fugirá de suas responsabilidades nem se curvará a quem tenta fazer da mediocridade um meio de comunicação ou de vida. Como um Colegiado, a CNBB não deve ser confundida nem responsabilizada por posições isoladas de quem quer que seja. A voz do Colegiado é sempre a voz do consenso ou da maioria dos seus membros, dos Bispos brasileiros, que anunciam as virtudes cristãs e denunciam tudo que a elas se contrapõe, nos aspectos espirituais, sociais, econômicos e políticos, como é o caso dos atos reprováveis de corrupção, que têm se abatido sobre o país, sacrificando o povo, para quem faltam políticas púbicas que assegurem a defesa da dignidade da pessoa humana.
Retomando a Exortação “Gaudete et Exsultate”, o Papa Francisco nos lembra que “existe uma hierarquia das virtudes” e que “no centro, está a caridade”. E diz que “no meio da densa selva de preceitos e prescrições, Jesus abre uma brecha que permite vislumbrar dois rostos: o do Pai e o do irmão”. Ora, se não formos capazes de enxergar estas duas realidades do Cristianismo: o Pai, a quem somos ligados no plano vertical, e o irmão, a quem nos ligamos no plano horizontal, não merecemos ser chamados de cristãos. “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”, foi o que Jesus nos ensinou.
No terceiro capítulo da Exortação, o Papa se refere às Bem-Aventuranças como “a carteira de identidade do cristão”, e oferece pautas para viver estas recomendações de Jesus nos dias de hoje. “Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida”. E o rosto do Mestre nós o encontramos no rosto de cada irmão e de cada irmã. Para tanto, precisamos nos deixar tocar pelo espírito de santidade. A busca da santidade nos faz ir com humildade ao encontro de Jesus. E sobre a santidade nos exorta o Papa Francisco, dizendo que: “Precisamos dum espírito de santidade que impregne tanto a solidão como o serviço, tanto a intimidade como a tarefa evangelizadora, para que cada instante seja expressão de amor doado sob o olhar do Senhor. Desta forma, todos os momentos serão degraus no nosso caminho de santificação”.
Que saibamos com fé, perseverança e entrega subir esses degraus no caminho de santificação que nos leva ao nosso Pai do Céu. A vida que Deus nos deu, a Ele nos a devolveremos.
A todos, a nossa bênção. E que a nossa Páscoa seja vivida a cada dia. Todos os dias.