O fascismo dos abortistas
A esquerda tapa os ouvidos para as mulheres, que, em sua maioria, não apoiam o ‘aborto legal’

Quando o assunto é a legalização do aborto tem-se uma verdadeira batalha ideológica, o que é natural numa sociedade plural. Na democracia representativa, há instrumentos e espaços adequados para que a vontade popular seja respeitada. O contrário disso é fascismo. Pregadores da “liberdade” progressista, o PSOL parece discursar uma coisa e praticar outra. O partido protocolou no STF uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF nº 442), que é uma ferramenta jurídica utilizada apenas em casos onde se desrespeite a Constituição. Com isso, querem que o Supremo decida acerca da liberação do aborto no Brasil, driblando o Congresso e golpeando a democracia. É jogo sujo. É golpe!
Ao contrário da Argentina e da Irlanda, os dois países que recentemente utilizaram vias democráticas para legalizar o aborto até a 14ª e 12ª semanas de gestação, respectivamente, o PSOL propõe que o STF “legisle” sobre questões que não cabem ao Judiciário, abrindo precedente para uma judicialização da política. Na Argentina, após ampla discussão com a sociedade, o parlamento decidiu numa votação apertada pela liberação do aborto. Já a Irlanda realizou um referendo, para que as ruas se manifestassem.
No Brasil, as pesquisas apontam que a esmagadora fração da população é contra o aborto — 79% (Ibope, 2016). E o PSOL sabe disso. Ao dar entrada na ADPF 442, cujo único objetivo é declarar a inconstitucionalidade parcial dos artigos 124 e 126 do Código Penal Brasileiro, que criminalizam o homicídio de crianças no ventre, o partido nega que o lugar para a conquista de direitos numa democracia representativa é o parlamento. É o fascismo da esquerda abortista mostrando a sua face cruel. Existem hoje excludentes de punibilidade para o aborto em dois casos: estupro e risco de morte da mãe. A interrupção da gravidez por anencefalia foi uma decisão do STF.
O tema do aborto é um rolo compressor de efeito mundial, uma agenda ideológica que mata crianças. A Inglaterra, onde o aborto é permitido até o sexto mês, decretou recentemente a morte de dois meninos portadores de doenças raras, Alfie Evans e Charlie Gard. Os que lutam “pelo direito de decidir” ignoraram o direito dos pais desses meninos de prolongarem a vida dos seus filhos. Atualmente, as lutas “por direitos” colocam no centro não a dignidade da pessoa humana, detentora de direitos, mas a vontade de alguns acima de todos os direitos. O Brasil será o próximo país a banalizar a morte de inocentes? Não se o povo tiver voz. A esquerda tapa os ouvidos para as mulheres, que, em sua maioria, não apoiam o “aborto legal”. Parecem mais preocupados em impor arbitrariamente a morte de nascituros que cumprir a Constituição, nosso maior instrumento de inviolabilidade da vida — esteja fora ou dentro do ventre.
Márcio Pacheco é deputado estadual (PSC-RJ)