O Sínodo da juventude

A Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2018, convocado pelo Papa Francisco, que teve início na última quarta-feira, dia 3, e que se estenderá até 28 de outubro, é dedicado aos jovens. A Igreja Católica vem obtendo grandes sucessos na realização da Jornada Mundial da Juventude, instituída pelo Papa São João Paulo II, em dezembro de 1985, para ter início no ano seguinte. Será preciso que a Igreja na sua universalidade e nas suas particularidades, ou seja, nas Arquidioceses e Dioceses, daí descendo para as Paróquias, possa verdadeiramente encontrar o ponto de equilíbrio nas ações pastorais tendo como finalidade os jovens.
A juventude precisa ser, por assim dizer, reencontrada pela Igreja. Bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas engajados nos mais diversos movimentos e pastorais devem tomar consciência de que a Igreja precisa se renovar sem alterar a essência da Palavra de Deus, que é imutável. Precisa se renovar com diretrizes factíveis e com ações que saiam dos papeis, dos diretórios e dos planos de pastoral.
A juventude não deve ser alvo de planos mirabolantes que não consigam sair das gavetas. Em Puebla, no México, em 1979, o episcopado latino-americano, em sua terceira Conferência Geral, realizada entre 27 de janeiro a 13 de fevereiro daquele ano, houve por bem de elencar duas opções preferenciais para que a Igreja no Continente Sul-americano pudesse trabalhar a partir dali com mais ênfase: a opção preferencial pelos pobres e a opção preferencial pelos jovens.
Houve um tempo em que os grupos de jovens, embalados, sobretudo, pelas canções do sempre querido padre Zezinho, enchiam as Paróquias. Em muitos lugares do Brasil os jovens caminharam com Jesus, altivos, esperançosos e sem se deixar levar por vãs filosofias.
Agora é tempo de fazer com que a Igreja Católica abra as suas portas e escancare o seu coração, que é o próprio coração do nosso Salvador Jesus Cristo, a fim de que a nossa juventude reencontre na Cruz o símbolo de uma vida nova no Espírito Santo, que Jesus deixou como o nosso Defensor.
A reunião sinodal tem como relator geral, indicado pelo Sumo Pontífice, o Cardeal brasileiro, Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília e presidente da CNBB. Sem dúvida, uma escolha acertada pelo muito que Dom Sérgio representa em sua vida episcopal e pastoral.
A XV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos terá como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
No documento de Puebla, de 1979, está dito no II Capítulo, dedicado à opção preferencial pelos jovens, no número 1182: “Queremos dar uma resposta à situação da juventude, graças aos três critérios de verdade propostos por João Paulo II: verdade sobre Jesus Cristo, verdade sobre a missão da Igreja e verdade sobre o homem”.
O tempo passou e as duas opções preferenciais de Puebla foram deixadas para trás, em vários aspectos e em diversas Dioceses.
Mas, retomando Puebla, no que diz respeito à verdade sobre Jesus Cristo, os jovens devem ter o devido conhecimento da Boa Nova que o Filho Unigênito de Deus veio anunciar. Devem conhecer o modo como ele transformou o mundo com a sua pedagogia do amor.
No que se refere à verdade sobre a missão da Igreja, os jovens devem ser chamados para dar a sua contribuição na missão da Igreja que deve pôr-se em saída, como tanto insiste de forma correta o Papa Francisco, que possa acolher os irmãos e as irmãs, nas periferias geográficas e existenciais em que vivem, muitas vezes em completa desolação.
E no que respeita à verdade sobre o homem, a juventude deve debruçar-se sobre a vida que as pessoas, homens e mulheres, vivem no dia a dia, empurrados muitas vezes para uma vida dissociada da dignidade que é devida a todos os seres humanos da face da Terra.
Os jovens necessitam de assistência espiritual especializada, para que possam desenvolver as suas potencialidades como membros da Igreja de Jesus Cristo, na qual eles devem ter uma participação cada vez mais acentuada.
Uma Igreja para jovens deve ser, primeiramente, uma Igreja com jovens. Sem os jovens, a Igreja terá a aparência de uma flor que murcha sob a inclemência dos raios do sol. Os jovens são a seiva da Igreja de um Jesus Cristo jovem, que deu a sua jovem vida para a salvação de todos.
Que o Sínodo dos Bispos traga novo alento à Igreja em sua relação com a juventude. Que o Espírito Santo ilumine os Bispos convocados e os jovens convidados, para que os frutos advindos do Sínodo sejam propícios ao convívio dos jovens no seio de uma Igreja Católica em contínuo processo de renovação.