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O chamado do Senhor pelo Batismo


Logo após o Seu Batismo no Jordão, Jesus, ao retornar à Galileia, lançou-se ao Genesaré para, naquele mar, apanhar peixes para a “rede-Reino”, para a “rede-Igreja”. Ali, temos o chamado dos quatro primeiros discípulos: Pedro, André, Tiago e João. Quatro primeiros de milhões, quatro de bilhões de pessoas que se encontraram com a vocação para o Reino, mediante a voz cativante do Verbo, da Palavra de Deus, Jesus Cristo, que convida: “Segui-me!” (Mc 1,16).

Como poderíamos caracterizar o Santo Batismo senão como o eminente “Sacramento do chamado”? É Deus mesmo quem nos chama, e o faz pelo nosso próprio nome: “N…, eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Esta é a fórmula do Sacramento do Batismo, que nos prova que Deus nos chamou e nos dignificou, comunicando a Sua Graça Salvadora. Pelo Batismo, ganhamos um nome que se acoplou ao nosso: o de cristãos, de imitadores Daquele que, antes de nós e de sobremaneira, é o Ungido do Pai com o Espírito Santo; somos imitadores do Senhor por sermos cristãos. Ser cristão, entretanto, não é uma honra, mas embute em si uma missão, um encargo de responsabilidade.

No Batismo, somos despertados para a fé. E este papel de fazer-nos acordar é da Igreja, que nos é dada por Mãe pelo proto-sacramento batismal. Tratando sobre a dignidade do Batismo, a Igreja, que também é Mestra, no Ritual de Iniciação à Vida Cristã, vai nos catequizar: “A Igreja nada tem de mais importante e mais próprio do que despertar em todos - catecúmenos, pais ou padrinhos dos batizandos - aquela fé verdadeira e ativa, pela qual, dando sua adesão a Cristo, iniciam ou confirmam o pacto da nova aliança” (n. 3). E isto aconteceu com os quatros primeiros cristãos: “E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. [...] Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus” (Mc 1,18.20).

A partir do Batismo, somos santificados. A Graça batismal nos faz purificados do pecado original. E esta graça nos envolve em tal grandeza que, de nossa parte, precisa ser conservada com o auxílio do nosso esforço pessoal, na colaboração com a graça divina. Percebam algo: Deus não nos chamou aleatoriamente; conhece-nos e nos chamou pelo nome, santificando-o. E isso aconteceu com Pedro, por exemplo (cf. Mt 4,18). Ele nos chama individualmente pelo nome para a santidade.

No Evangelho, o Senhor deixa claro o porquê de chamar, de vocacionar: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens” (Mc 1,17). Fomos chamados, portanto, para sinalizar o chamado de Deus na vida de tantos outros, confirmando tanto a nossa quanto à vocação cristã para os outros. E isto é urgente! Porque não somos cristãos para nós mesmos, mas, primeiramente, para o grande ‘Outro’, Deus (que, necessariamente, não precisa do nosso testemunho cristão, porque Ele Se basta), e para os outros. Para tanto, o Batismo nos aponta à missão. Após ter chamado os Doze, o Senhor lhes ensinou os valores do Reino, e, somente depois, os enviou para uma missão que, antes de lhes ser própria, é divina.

Que esta tão parca síntese sobre o Batismo nos faça mais conscientes da fé da Igreja que abraçamos quando fomos iniciados à Vida Cristã. E mais: nos desperte para as realidades do Reino dos céus, cujos sinais misteriosos já os contemplamos nos véus da história e do nosso hoje!

Padre Everson Fontes Fonseca é pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Mosqueiro.


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