Assembleia Geral da Cáritas, em Roma, termina nesta terça-feira (28)

Dom João Costa, cardeal Pietro Parolin (secretário de Estado da Vaticano) e o cardeal Antonio Tagle (presidente da Cáritas Internacional e arcebispo de Manila, Filipinas)
Termina nesta terça-feira (28), em Roma, a 21ª Assembleia Geral da Cáritas Internacional. Desde o dia 23, quinta-feira , cerca de 400 delegados de mais de 200 países aprofundam uma reflexão sobre o tema “Uma família humana, um lar comum”. Um dos participantes é o arcebispo metropolitano de Aracaju, Dom João José Costa, presidente da Cáritas Brasileira.
A Caridade não é uma ideia ou um sentimento piedoso
Durante a santa missa que marcou a abertura da assembleia, o Papa Francisco disse que “a Caridade não é uma ideia ou um sentimento piedoso, mas é o encontro experiencial com Cristo; é querer viver com o coração de Deus que não nos pede para ter pelos pobres um amor genérico, afeto e solidariedade, mas encontrar neles Ele mesmo, com o estilo de pobreza.”
O Pontífice advertiu que se olhássemos a caridade como uma prestação, “a Igreja se tornaria uma agência humanitária e o serviço da caridade seu “departamento logístico”. Mas a Igreja não é nada disso, observou, “é algo diferente e muito maior: é, em Cristo, o sinal e o instrumento do amor de Deus pela humanidade e por toda a criação, nossa casa comum”.
A segunda palavra tomada pelo Papa em sua reflexão foi desenvolvimento integral. No serviço da caridade coloca-se em questão a visão do homem, a qual “não pode reduzir-se a um único aspecto, mas envolve todo o ser humano enquanto filho de Deus, criado à sua imagem”.
No rosto dos pobres, o rosto de Cristo
Em primeiro lugar, ressaltou, “os pobres são pessoas, e em seus rostos se esconde o rosto de Cristo. Eles são sua carne, sinais de seu corpo crucificado, e nós temos o dever de chegar até eles nas periferias mais extremas e nos subterrâneos da história com a delicadeza e a ternura da Mãe Igreja”. “Devemos buscar a promoção integral do homem e de todos os homens a fim de que sejam autores e protagonistas de seu progresso”, acrescentou.
“O serviço da caridade deve, portanto, escolher a lógica do desenvolvimento integral como antídoto à cultura do descarte e da indiferença. E dirigindo-me a vocês, que são a Cáritas, quero reiterar que ‘a pior discriminação da qual os pobres sofrem é a falta de atenção espiritual.”
Vocês bem o sabem, frisou o Papa, a grande maioria dos pobres “tem uma especial abertura à fé; precisam de Deus e não podemos deixar de oferecer-lhes sua amizade, sua bênção, sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e de maturação na fé”.
Atenção religiosa aos pobres, privilegiada e prioritária
Como nos ensina também o exemplo dos Santos e das Santas da caridade, “a opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se principalmente numa atenção religiosa privilegiada e prioritária”, destacou o Santo Padre.
A terceira palavra é comunhão, que é central na Igreja, define sua essência. “A comunhão eclesial nasce do encontro com o Filho de Deus, Jesus Cristo, que, mediante o anúncio da Igreja, alcança os homens e cria comunhão com Ele mesmo e com o Pai e o Espírito Santo”, disse ainda.
Os pobres não são números, mas pessoas
Francisco exortou-os a viver a Caridade, o Desenvolvimento Integral e a Comunhão com o estilo de pobreza, de gratuidade e de humildade:
“Não se pode viver a Caridade sem ter relações interpessoais com os pobres: viver com os pobres e para os pobres. Os pobres não são números, mas pessoas. Porque vivendo com os pobres aprendemos a praticar a Caridade com o espírito de pobreza, aprendemos que a caridade é partilha. Na realidade, não somente a Caridade que não chega ao bolso resulta uma falsa caridade, mas a Caridade que não envolve o coração, a alma e todo o nosso ser é uma ideia de caridade ainda não realizada.”
Sendo a Caridade a mais almejada das virtudes à qual o homem possa aspirar para poder imitar Deus, torna-se escandaloso ver agentes de Caridade que a transformam em business: “falam tanto em Caridade – advertiu por fim o Santo Padre –, mas vivem no luxo ou no esbanjamento ou mesmo organizado Fórum sobre a Caridade desperdiçando inutilmente tanto dinheiro. Dói constatar que alguns agentes de Caridade se transformam em funcionários e burocratas”.
