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A importância do cristão leigo na Igreja

Francisca Almeida Bezerra


Quando se fala de vocação, o que primeiro vem à nossa mente é relacionado ao sacerdócio ou vida religiosa. Poucas pessoas lembrarão do matrimônio (que também é uma vocação), e muito menos do leigo. Mas seria ser leigo também uma vocação? Com certeza! Somos povo de Deus, admitidos através dos Sacramentos de Iniciação à Vida Cristã (Batismo e Confirmação), vocacionados à santidade por primeiro, e missionários da Igreja de Cristo.


Mas afinal, o que é ser leigo? Seguindo do significado literal da palavra, de acordo com o dicionário Michaelis, uma das definições refere-se ao leigo como alguém que desconhece determinado assunto ou não pertence a certa profissão. Por essa razão, antes, não se compreendia de forma plena o sentido de ser leigo, no entanto, pós concílio, é possível encontrar documentos esclarecedores.


E qual seria a função do leigo na Igreja? Primeiro, precisamos saber o que a Igreja nos diz: “Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os fiéis que, depois de serem incorporados a Cristo pelo Batismo[...]”(CIC, n. 897)


O leigo é todo o povo de Deus, admitido em sua Igreja, através do Batismo e da Confirmação (CIC, n. 900), que possui um caráter secular, como afirma o documento Lumen Gentium (um documento dedicado a todo povo de Deus), em uma sessão dedicada aos leigos, entendemos que, por vocação própria, o leigo trata das realidades temporais, segundo à vontade de Deus, seja na vida familiar, ou no seu ofício. É viver no mundo, mas sem necessariamente pertencê-lo.


A ação apostólica não precisa ser necessariamente inserida em alguma comunidade ou associação reconhecida pela Igreja, é realizada também de maneira individual, pois não se trata apenas de estar na Igreja, mas ser Igreja. Incitar aos jovens e adolescentes a seguirem a Cristo, bem como, levar o seu Evangelho até os locais mais desconhecidos, onde as pessoas têm menos acesso à informação, e até mesmo, a Igreja.


É o exercício da profissão (aqui esclareço que o que popularmente é difundido como “vocação profissional” não é um chamado, mas, utilizar o ofício em favor de Deus e do próximo), na colaboração do Reino de Deus, pois, como pode se encontrar no decreto Apostolicam Actuositatem, “os leigos exercem seu apostolado multiforme tanto na Igreja como no mundo", pois, “o apostolado dos leigos, que deriva da própria vocação cristã, jamais poderá faltar na Igreja”.


O serviço do leigo, não se resume aos grupos, pastorais e movimentos de dentro da Igreja, que também possui grande relevância, como, por exemplo, a Catequese de Iniciação à Vida Cristã (que será abordada muito em breve) que é um dos trabalhos mais conhecidos de dentro da Igreja. Porém, essa vocação, possui também um caráter Missionário (proposta trazida no mês de outubro, considerado o “Mês Missionário”). É o serviço nas comunidades, na família, dentre a juventude e até no meio social, contribuindo até para a construção de uma sociedade mais justa, onde sejamos verdadeiramente para Cristo e por Ele.


Dada a importância da vocação dos leigos, em 1987 houve um sínodo cujo tema foi “Christifideles laici” (Os Fiéis Leigos), no qual em 1988 foi publicada a exortação pós sinodal, pelo Papa João Paulo II, e em 2018, no Brasil, ocorreu o Ano do Nacional Laicato, onde foi enfatizado o Documento 105 da CNBB (lançado em 2016, na 54ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que tem como título: “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14)”, que aborda a importância, não somente na Igreja, mas também no meio social.


O Papa Francisco, na edição de maio de 2018, de O Vídeo do Papa, nos fala: “Os leigos estão na linha de frente da vida da Igreja. Necessitamos de seu testemunho sobre a verdade do Evangelho, e de seu exemplo ao expressar sua fé com a prática da solidariedade.


Agradecemos pelos leigos que arriscam, que não tem medo, e que dão motivos de esperança aos mais pobres, excluídos e marginalizados. Peçamos juntos neste mês para que os fiéis leigos cumpram sua missão específica, a missão que receberam no batismo, colocando sua criatividade a serviço dos desafios do mundo atual.”


Concluo com a seguinte reflexão: o que falta a nós, casados ou não, cristãos, batizados, confirmados na fé, para viver a nossa vocação de leigos? Que nossa resposta ao Senhor seja sempre sim. Ele nos amou por primeiro, nos escolheu, nos vocacionou e nos deu uma grande missão.


“Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a levardes uma vida digna da vocação que recebestes. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. No entanto, a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo.” (Ef 4,1.5.7)


Francisca Almeida Bezerra é professora, graduada em Ciências Biológicas - Licenciatura Plena, pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail: fbezerra.bio@gmail.com

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