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A Mãe Aparecida e Bakhita: um apelo contra a escravidão


1 O Brasil negreiro e o surgimento de Nossa Senhora Aparecida.


Durante séculos o Brasil foi tocado pelo flagelo da escravidão e banhado pelo sangue de pessoas que pagaram o caro preço da cor da pele negra. Estas pessoas foram sequestradas do solo africano e transplantadas nesta Terra de Santa Cruz. Ao chamá-las hoje de pessoas já se realiza um salto linguístico não indiferente, pois eram consideradas apenas objetos de troca e venda, enriqueciam as posses dos nobres senhores, trabalhando dia e noite sem as mínimas condições, privados de qualquer traço de humanidade, tolhidos na dignidade. É impossível saber ao certo quantas pessoas negras foram trazidas ao Brasil nos navios negreiros que cruzaram os mares, cemitérios para aqueles que não resistiam diante das crueldades presentes na travessia: trabalho forçado, fome, violência e outras humilhações.


Do mesmo modo não se sabe ao certo quantas pessoas negras morreram no solo brasileiro durante a bárbara expansão escravocrata, que preparou senzalas nas fazendas deste país, lugares da morte, covas que silenciaram a vida, verdadeiros vales de lágrimas. Ademais a estatística acerca do número de pessoas negras mortas não possuía conotação afetiva, em geral os familiares eram separados e os nobres senhores só calculavam quanto perdiam e quanto precisavam para repor um bom e velho estoque de negros escravizados[1].


Neste contexto histórico cultural está situado o encontro com Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba, no Estado de São Paulo, grande potência econômica brasileira que contou também com o trabalho forçado para alavancar plantios com suor e sangue dos escravos. Quantas pessoas negras foram lançadas nos grandes rios do continente chamado Brasil? O desejo de liberdade e a luta pela dignidade eram seguidos de suplícios que custavam a vida. Estas pessoas retiradas do solo africano conheceram o pão da angústia neste Brasil.


E quando até mesmo o cristianismo cedia diante dos delírios do racismo no Brasil, a Mãe de Jesus ouve o grito dos oprimidos e se faz encontrar nas águas. A Mãe das dores é Mãe de todas as cores e desvela que o autêntico cristianismo visado pelo Cristo não compactua com as facetas das discriminações raciais. A fraternidade é a bússola que orienta relações sociais não mais dirigidas pela exploração e o desprezo mas pela colaboração e o respeito.


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