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As meninas, a pureza e a santidade



Todos conhecemos o drama de famílias que perderam o que tinham ao longo das crises que marcam a caminhada da humanidade. As famílias mais vulneráveis são as que carregam os maiores fardos. Foi o que aconteceu com a família de Goretti, que viveu em Netuno (Itália). O pai de Goretti tinha falecido, e para providenciar o sustento da família, a mãe, chamada Assunta, foi morar e trabalhar numa fazenda com os filhos. Sendo a mais velha, Goretti normalmente ficava em casa cuidando dos irmãos menores, e enquanto Assunta trabalhava, Alessandro, um dos filhos do fazendeiro, tentava violentar Goretti, que opunha resistência aos seus ataques.


Inconformado com a postura de Goretti, que tinha a vontade de conservar a virtude cristã da castidade, Alessandro desferiu 14 golpes de faca, tirando a vida da menina que tinha apenas 11 anos. Enquanto Goretti estava agonizando, a mãe voltava do trabalho e ouviu as últimas palavras da filha, afirmando que perdoava Alessandro, e que rezaria no céu, pedindo perdão e salvação para aquele que lhe retirou a vida.

Alessandro cumpriu 27 anos de prisão e fez um longo caminho de conversão que levou ao ingresso numa ordem monástica contemplativa. Goretti foi canonizada em 1950, apontada como modelo de perdão e pureza. A mãe, Assunta e o monge Alessandro estavam na Missa de canonização. Com Goretti, a vida venceu a morte.


O Nordeste brasileiro, conhecido pelas dificuldades econômicas enfrentadas pelas famílias, é cenário da violência que ceifa a vida das meninas. No Ceará, exatamente na cidade de Santana do Cariri, a menina Benigna foi assassinada em 1941, aos 13 anos, por Raul, que não aceitava as respostas negativas diante das tentativas de violentá-la. Raul, de 13 anos, ceifou a vida de Benigna, com vários golpes de facão.


Seguindo Jesus, Benigna tinha a vontade de cultivar a virtude cristã da castidade. Raul cumpriu o tempo de prisão, acolheu a conversão e voltou ao local onde tudo ocorreu, que é meta de romarias com pessoas que recebem bênçãos por intermédio da menina Benigna, que brevemente será proclamada, a primeira Beata do Ceará.


Em Aracaju, no dia 22 de outubro deste ano, Lorrany, de seis anos, foi assassinada por aquele que a violentou. As três meninas citadas estão em segurança, brincando e cantando no Céu, com Jesus, Santa Goretti, a Beata Benigna e a Virgem Maria.


Na Eucaristia, rezamos com as santas meninas, para que todas as crianças cresçam em sabedoria, estatura e graça como Jesus. Com as santas meninas, queremos pôr fim à cultura do ódio presente em toda terra, nas mais variadas faces da violência.


Com Goretti, Benigna, Lorrany e as crianças assassinadas, suplicamos um coração puro. Com Maria, Mãe da Pureza, rezemos: O olhar de Jesus purifica a minha vida.


Pe. João Claudio é pároco da paróquia Nossa Senhora Aparecida (Farolândia)

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