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Evangeliza a sua criança



O poeta disse que deveria existir um ministério que cuidasse das nossas crianças. E que quem fosse o cuidador deveria só acompanhar a sua expansão, a sua evolução, a sua criatividade. No espaço delas tudo deveria ser do tamanho que elas conseguem enxergar. E aí teríamos um crescimento menos doentio.


Não queira vulgarizar a sua criança. Não queira vestir a sua roupa nela. Não queira que ela entenda aquilo que você não entende. Não a deixe ouvir aquilo que você não ouve.


Na vida infantil temos visto crianças que vêm adoecendo porque seus progenitores não estavam preparados para gerar vidas com cuidado e no cuidado. Deixaram-se levar pela emoção da paixão que tira o raciocínio. E paixão em si, quando estamos em nós, é energia vital. Fogo que não se consome, mas abre a lareira do nosso ser pra expandir outros. Crianças e não.


Por que a gente acha graça numa criança cantando imoralidades? Por que a gente vulgariza as nossas crianças, vestindo-as de modo tão desleal? Por que não abraçamos? Por que não pegamos o nosso barro ou a massa plástica e ensinamos os nossos pequenos a serem modeladores dos seus sonhos?


Nosso adulto está doente e deixamos nossa criança morrer, pensando que a vida era conquistar conhecimentos e bens. Mas a vida era ter crianças e aconchego, guarida e água fresca. Saber ser simples e viver na estalagem da nossa alma. Sem esperar dos adultos sem rumo e sem vida infantil. Presos de si, prendendo quem poderia sonhar e sonhar. Pobres adultos.


Como dizia o poeta no seu conto: o pai que vivia sempre ocupado consigo e seus dilemas tirou um dia para passear no parque com seu filho. Eles foram no bosque que existia em frente da sua casa e foi indagado pelo pequeno que estava no seu colo: “pai, os adultos são felizes?” E o pai caiu em pranto. Porque ele não sabia responder ao amor e a gratuidade da sua criança. Os adultos são felizes?


Continuo aprendendo com minhas letras pueris. E não tenho respostas. Uma passeio no seu bosque poderá lhe ajudar. Onde anda a sua criança? O ministério do cuidado adverte: a sua briga não é com seu filho, é com você. Não queira dele aquilo que nem você consegue ser e responder.


És criança? Ainda brinca de barro com sua criança?


Vosso, pe. Anderson Gomes (pároco da paróquia São Pedro Pescador, Bairro Industrial)


Foto: Vatican News

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