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Ministério do Catequista. Não há nada de novo no anúncio do Papa Francisco

José Wolney Santos


Muitos vão se assustar com o que falarei. Mas não há nada de novo no anúncio do Papa da instituição do Ministério do Catequista.


O Papa seguiu aquilo que ele já vem fazendo: valorizar aqueles(as) que efetivamente desempenham alguma função dentro da igreja. Assim ele o fez quando, em Janeiro do ano passado, oficializou a participação das mulheres no leitorato e acolitato. O que já é costume em diversas paróquias de nosso Estado, ainda é tabu no Brasil e mundo afora.


É bom frisar que desde os idos de 2007, já discutíamos sobre esse ministério aqui no Brasil. A CNBB lançou o Estudo 95, cujo título é justamente o Ministério do catequista e que traz a seguinte apresentação:


Existe na Igreja, desde as suas origens, grande variedade de serviços, funções e tarefas, que recebem o nome de ministérios. Dentre os muitos serviços, um deles é a educação da fé, que é a catequese.


Com o Concílio Vaticano II houve na caminhada evangelizadora da igreja uma renovação catequética e litúrgica que trouxe vários frutos, dentre eles a valorização da catequese e do ministério do catequista, com base fundamental no processo educativo da fé” (pg 7).


Ora, ano passado fora lançado o Novo Diretório Geral para Catequese e o termo ministério, referindo-se aos catequistas, aparece cerca de 30 vezes, Segundo o documento:


“No conjunto dos ministérios e serviços, com os quais a Igreja realiza a sua missão evangelizadora, o “ministério da catequese” ocupa um lugar significativo, indispensável para o crescimento da fé. Este ministério introduz a fé e, juntamente com o ministério litúrgico, gera os filhos de Deus no seio da Igreja” (Novo Diretório Geral para catequese, nº 110).


Ora, se não há nada de novo, porquê tanto alvoroço? O intuito do Sumo Pontífice é institucionalizar a função/serviço do catequista, assim como acontece com os Ministros da Comunhão Eucarística, com os Acólitos. O Diretório Nacional de Catequese (Documento CNBB, nº 84, 2005) já previa tal institucionalização:


Aos catequistas reconhecidamente eficientes como educadores da fé de adultos, jovens e crianças, e dispostos a se dedicarem por um tempo razoável à atividade catequética na comunidade, pode ser conferido oficialmente o ministério da catequese (nº 245, pg 195)


Essa institucionalização implicará que as Dioceses tenham/mantenham “um certo número de religiosos(as) e leigos(as) estáveis e dedicados à catequese, e reconhecidos publicamente... (Estudo 95, pg 8)”. Seguindo esse pensamento, e considerando a “elevação” da catequese ao status de ministério, percebe-se que critérios serão criados para a instituição de ministros da catequese. O Novo Diretório Geral para Catequese já apresenta uma dessas, possíveis, regras ao tratar da investidura de catequistas para adultos: “ Portanto, é importante que os catequistas dos adultos sejam escolhidos com cuidado e que estejam habilitados para exercer este delicado ministério mediante uma formação específica” (Novo Diretório, 263).


Assim, os(as) ministros(as) de catequese serão instituídos em celebração com rito próprio, possivelmente por tempo determinado e com direito a renovação dos votos.


Encerro ratificando tudo o que fora dito até aqui. O reconhecimento do Santo Padre para com o ministério do catequista é tanto que em seu texto de instituição/apresentação do ministério (Motu Próprio) ele intitulou de Ministério Antigo, justamente para lembrar a todos que tal serviço é tão antigo quanto a própria igreja.


José Wolney Santos é membro da equipe de coordenação da Dimensão Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Aracaju.

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