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O sacerdote não se pertence



O mês de agosto do calendário civil, para a Igreja Católica (entenda-se Sacerdotes e Fiéis), no Brasil é o mês vocacional com ênfase à vocação específica do Sacerdócio. Em virtude do Sacramento da Ordem, segundo a imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote (cfr. Heb 5,1-10; 7,24; 9,11-28), nós sacerdotes somos consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, de maneira que somos verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento.


É no culto ou celebração eucarística (entenda-se a Santa Missa que é o Santo Sacrifício de Cristo no Calvário), que exercemos principalmente o nosso múnus sagrado; nela, atuando em nome de Cristo e proclamando o Seu mistério, unimos as preces dos fiéis ao sacrifício da cabeça, que é Cristo e, no sacrifício da missa, representamos e aplicamos, até à vinda do Senhor (cfr. 1 Cor. 11,26), o único sacrifício do Novo Testamento, ou seja, Cristo oferecendo-se, uma vez por todas, ao Pai, como hóstia imaculada (cfr. Hebr. 9, 11-28).


A nossa vida sacerdotal, deve reproduzir em si a imagem de Cristo, deve ser com ele, por ele, e nele um sacrifício aceitável. Para nós sacerdotes, ministros de Cristo, principalmente para a celebração do sacrifício eucarístico. É precisamente no sacrifício eucarístico, quando "na pessoa de Cristo" consagramos o pão e vinho que se tornam corpo e sangue de Cristo, que podemos tirar da mesma fonte da vida sobrenatural os inesgotáveis tesouros da salvação e todos os auxílios que nos são necessários pessoalmente e à realização da nossa missão (Exortação Apostólica do Papa Pio XII - Menti Nostrae).


Nessa primeira Semana do mês vocacional, e neste dia que celebramos a memória litúrgica do padroeiro dos sacerdotes, São João Batista Maria Vianney, trago à memória dos irmãos sacerdotes que "o santo Cura d'Ars levantou, por si mesmo, o destino de uma comunidade que não entrava mais na igreja... por São João Maria Vianney, o povo ouvindo suas homilias, que falava claramente, sem medo, dos vícios e pecados humanos, converteu almas e almas. Hoje, os fiéis dentro da igreja, ouvem a nós pastores que falamos com operários, com as mulheres, com os homossexuais, com os imigrantes... como faria um consultor trabalhista, um sindicalista, um psicólogo, um voluntário de ONG, mas já não falamos com pecadores, quanto mal faz (na terra e depois da morte) o pecado e o resultado é que os pecadores estando na Igreja, não a frequentam mais como antes".


O pároco de Ars, ministro de Cristo em sua totalidade, sabia perfeitamente quem era e o que devia fazer na aldeia de Ars, que evangelizou por 40 ANOS, sem necessidade de força-tarefa, mas de uma doutrina séria, de uma liturgia, de um catecismo. O bispo havia atribuído a ele uma paróquia quase vazia, poderíamos dizer como um "depressivo".


Mas quando a Fé é autêntica, é a Graça divina que faz maravilhas: nós pastores da época contemporânea, podemos estar muitas vezes e voluntariamente convencidos, convencidos demais, de que somos os únicos arquitetos do destino da Igreja na terra; mas não é assim: o pastor que age não pelo Reino deste mundo, mas pelo de Deus, faz maravilhas e faz uma colheita abundante ao contrário daquele que, apegando-se demais aos caminhos pessoais e mundanos, acaba abandonando os caminhos do Céu.


Sacerdotes, assim admoesta-nos São Pedro Crisólogo: "Sê sacrifício e sacerdote de Deus; não percas aquilo que te deu a divina autoridade. Reveste-te da estola da santidade; cinge-te com o cinto da castidade; seja Cristo o véu que te cubra a cabeça; a cruz esteja como baluarte sobre a tua fronte; coloca em teu peito o sacramento da divina ciência; queima sempre o incenso da oração; cinge a espada do Espírito; faz do teu coração como que um altar e assim seguro oferece teu corpo como vítima a Deus. Oferece a fé, de modo que seja punida a perfídia; imola o jejum, a fim de que cesse a voracidade; oferece em sacrifício a castidade, para que morra a sensualidade; coloca sobre o altar a piedade, para que seja deposta a impiedade; atrai a misericórdia, para que seja destruída a avareza; e para que desapareça a insensatez, convém imolar sempre a santidade: assim teu corpo será a tua hóstia, se não for ferido por alguma seta do pecado".


Repito aqui de modo particular aos irmãos sacerdotes, o que disse o Apóstolo São Paulo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5), pois a nossa luta como sacerdotes, portanto, não é tornar-nos angelicais e viver como se não tivéssemos corpo, mas tornar-nos mais semelhantes a Cristo.


Pe. Cassio Santos de Souza, pároco na Paróquia Nossa Senhora de Fátima

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