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O sentido de viver



Qual o sentido da nossa existência, da nossa vida neste mundo?


O nosso viver é um presente, um dom de Deus para nós. A vida pode, tranquilamente, ser comparada como uma caminhada, com pontos de partida e de chegada: partimos de Deus e chegamos Nele, porque nascemos de Sua vontade e retornamos para o Seu divino Coração. Na Escritura, o justo Jó compara a luta da vida do homem sobre a terra como dias de um mercenário, “como um assalariado aguarda sua paga” (Jó 7,2). Logo, sendo a vida do homem trabalho, poderíamos encarar a existência como um fardo cansativo a ser levado. O que não é assim, porque, como eu já disse, a vida é dom; verdadeiramente dom.


Também no livro de Jó, temos a alusão de como a vida neste mundo é passageira: “Meus dias passam mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade” (Jó 7,6-7). Sim, a nossa história neste mundo é breve. Como dizem os antigos, estamos apenas passando um chuvisco. Porém, esta dimensão de brevidade deve ser sempre comparada com aquela outra à qual somos chamados: a eternidade. Assim, a nossa vida neste mundo não é um acaso. O homem não deve ser explicado somente pela biologia, pela química ou física. A existência do homem só tem sentido em Deus. E esta nossa “vida presente na carne” (cf. Gl 2,20) é ocasião de resposta – e resposta convicta – a um plano de amor ardente que nos envolve totalmente da parte de Deus: somos postos vivos neste mundo para vivermos eternamente a vida infindável do céu.


É com este pensamento que o sofrimento pelo qual passamos faz sentido. Deus, em Seu desígnio providente, permite que passemos por eles para, puros, prepararmo-nos à contemplação da Sua glória. O sofrimento é ocasião de renúncia do mundo para optarmos por Aquele que detém, em Suas mãos, o nosso existir, porque a tudo governa com bondade. Isso porque tendemos a nos acostumar com o que é passageiro, efêmero, transitório. Neste mesmo pensamento, São Paulo nos diz: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18). Os sofrimentos nos vêm para não corrermos o risco de nos esquecermos do Céu.


Porém, o sofrer também é ocasião de serviço: poderemos fazer da cruz do nosso sentimento uma bandeja de serviço quando fazemos dele uma cátedra de ensinamento. Viver o Evangelho sempre é, na ventura ou na desventura, uma ação catequética, evangelizadora, que contagia corações e os atrai para Cristo. Não é por acaso que o Papa São João Paulo II vai chamar o sofrimento de “escola”.


Jesus veio para libertar a todos do sofrimento do pecado. Como Médico de corpos e de almas, cura-nos a partir de dentro, do nosso interior. E assim, vemos o sublime movimento missionário do Senhor, não somente naquela época passada, mas também hoje por meio da Sua Igreja, porque todos O estão procurando (cf. Mc 1,37). Também nós, para centrarmos o sentido do nosso existir na única realidade que vale a pena, procuremo-Lo tenaz e incansavelmente.


Padre Everson Fontes Fonseca, vigário paroquial da paróquia São João Batista (Conj. João Alves).

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