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O universal alcance da missão salvífica do Cristo


Quando recitamos o Santo Rosário, nos mistérios luminosos, temos, já na primeira dezena, a contemplação do Batismo de Jesus, para, na terceira, termos Jesus que passa pelo mundo a fazer o bem. Esta perspectiva a verificamos, fortemente, na Festa do Batismo do Senhor, celebrada pela Santa Igreja Católica neste domingo.


Na apresentação feita pelo Profeta Isaías do Servo do Senhor, além dos seus caracteres peculiares e essenciais, notórios são o seu campo de atuação e a sua determinação: “Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos” (Is 42,4). Sim, toda a terra está sedenta, ansiosa, para receber a justiça do Senhor, os Seus ensinamentos, enfim a Sua misericórdia, porque “não são discursos, nem frases ou palavras, nem são vozes que podem ser ouvidas: Seu som ressoa e se espalha em toda a terra, chega aos confins do universo a Sua voz” (Sl 18,4).


A partir do Seu Batismo, o Senhor inaugura a Sua missão redentora, que se manifesta como ‘sede de almas’; missão, portanto, que se destina à salvação de todos os homens. E São Pedro, no seu discurso na casa de Cornélio, tem consciência disso, até porque o “Príncipe dos Apóstolos”, também o experimentou: “Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele” (At 10,37-38). Enquanto que, pelos Evangelhos, se nota que a esfera da missão do Batista era o Jordão, onde clamava a todos penitência e conversão para uma nova vida, o horizonte do Cristo é todo o mundo, não mais como promessa ou preparação para uma realidade do Alto, mas trazendo está realidade para todos. Daí é que se lê, em momento posterior, que o Senhor enviava os discípulos a todos os lugares que Ele mesmo deveria ir (cf. Lc 10,1).


Clarificando a missão salvadora de Jesus, a Liturgia desta Festa, no Prefácio da Missa, dirá: “Hoje, nas águas do rio Jordão, revelais o novo Batismo em sinais admiráveis. Pela voz descida do céu, ensinais que o vosso Verbo habita entre os seres humanos. E pelo Espírito Santo, aparecendo em forma de pomba, fazeis saber que o vosso Servo, Jesus Cristo, foi ungido com o óleo da alegria e enviado para evangelizar os pobres”. Mas, quem são os pobres? Somos todos os que precisamos da salvação que, Ele mesmo, veio nos trazer. Daí é que, repleto do Espírito Santo, o Senhor vai ao deserto, onde foi tentado pelo diabo, e, saindo vitorioso com a Sua força de Deus, no mistério Trinitário, com a mesma fortaleza do Espírito, voltou para a Galileia, e, onde tudo começou, na pequena Nazaré - na cidade onde o Verbo se fez carne, habitando entre nós (cf. Jo 1,14) -, na sinagoga daquele lugarejo, abriu o rolo de Isaías, onde estava escrito ao Seu respeito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele mesmo ungiu para anunciar o evangelho aos pobres: enviou-me para proclamar a liberdade aos presos e, aos cegos, a visão; para pôr em liberdade os oprimidos e proclamar um ano do agrado do Senhor” (cf. Lc 4,18-19). Logo, pobres éramos todos nós, presos, cegos, oprimidos no corpo, mas, sobretudo, no espírito, outrora, desagradáveis ao Senhor. A missão salvadora de Jesus foi iniciada no dia em que santificou as águas com o Seu Batismo, para que esta mesma salvação nos alcançasse no dia em que fomos batizados.


O Batismo do Senhor é uma das três teofanias que, desde o Domingo passado, celebramos, quando da visitação dos reis-magos ao Divino Menino, ao lado das Bodas de Caná. É a partir desta manifestação do Senhor, desta Sua Epifania, que deseja abarcar a todos para salvá-los, que entendemos uma das quatro notas da Santa Igreja: ela é Católica, ou seja, deseja levar a todos a salvação de Jesus, ungindo todos com a unção Daquele que é o Cristo, o Ungido, por excelência. E esta catolicidade da Mãe Igreja deverá se expressar pela missão recebida por nós no nosso Batismo. Muitos são os pobres do corpo e da alma que precisam, com a nossa colaboração, serem alcançados pela ânsia do Sangue de Cristo, doador de vida plena, porque é doador de salvação. Tomemos consciência disto!


Padre Everson Fontes Fonseca é pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Mosqueiro

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