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Por uma Igreja sinodal, ferida de Amor

Atualizado: 1 de nov.



Uma reflexão necessária. Não ao julgamento ou à crítica vazia. Ou demonização de nenhuma expressão da vivência de fé.


No fundo, temos alimentado uma falsa (no sentido filosófico) ideia de Igreja que não se sustenta. Fora da Comunhão Eclesial e com os horrores publicados pela mídia, factível de plataformas que propõem o ataque, a morte e uma confusão mental grave. Fundamentada no delírio psicótico, no comportamento humano quebrado. E com incidências de crimes ocultados. Crimes gravíssimos. A mídia e a própria Igreja têm feito essa mostra doída e necessária e que no mundo atual se mostra rapidamente.


Temos que dialogar com amor e respeito. Ajudar-se e rezar ao Espírito Santo. A primeira fase do sínodo que concluiu domingo em Roma, segundo B. Forte, é caminho de cura profunda em torno de temas necessários no atual momento da História. E, como Igrejas locais de modo geral, andamos em contraponto ao que a Igreja Universal tem discernido. Caminhamos paralelamente numa ideia perigosa de combater a falsa doutrina e permanecer com a verdadeira igreja.


Os ambientes formativos têm sido contaminados por ideias toscas e não reais do que a Igreja diz e sustenta. De modo geral, novas comunidades, sem acompanhamentos sérios, têm perpetrado, nos bastidores, crimes e delitos. Isso, pela falta de cuidado de quem deve cuidar. Faltar com sinceridade e encaminhamentos sérios e fundamentados na Revelação, Tradição e Magistério tem sido o dilema das nossas Dioceses e comunidades afins.


Precisamos ajudar nossas Igrejas particulares a mudar a rota do caminho, precisamos de cuidados mútuos. Precisamos ser cuidadores do humano, nessa hora da vida.


A grande carência nessa hora não é de padecimento de fé ou apostasias. Nossa carência é de Povo de Deus, segundo o Vaticano II, que encerra a experiência fecunda da Igreja, desde sempre.


Ou sentamos como uma família centrada na Palavra e discernimos os sinais dos tempos ou estaremos sendo desonestos com as novas gerações de fiéis que chegam até nós, nossas paróquias. Alienados por uma ideia de pureza, de fé, crenças muito perigosas. Temos acompanhado pessoas que tiram a vida por ouvirem cristãos e cristãs ordenados ou não. Uma geração todinha sendo deformada. Deformar é tirar da forma, é anular a potencialidade humana que o outro tem. Antes de falar de castidade com nossos jovens, precisamos que eles e seus pais não tenham medo dos nossos consagrados, pois, somos uma ameaça para muitos e muitas.


O sagrado se tornou meio de crime e isso se comprova na jurisprudência civil e eclesiástica. O caminho de purificação da Igreja será em Cristo, renovar a nossa opção fundamental.


Não adianta nenhum pregador de elite, não adiantará nenhuma fama, não adianta nenhuma tv religiosa gritar para aumentar sua arrecadação mensal. Isso tudo seja feito no discernimento, palavra forte ao Sínodo. Esses cristãos de mídia social têm prazo de validade. Eles não se sustentam; são, de modo geral, vendilhões do templo. E isso, dizemos com pesar. Narram a Igreja a partir de suas neuroses mal resolvidas, têm ego inflamado, aliados dos senhores desse mundo. Vivem em castelos de areia, mal resolvidos afetivamente. São ameaçados por si próprios. Os exemplos apontados são para que rezemos a nossa vida, o mistério que é a Igreja.


Temos que, com muito cuidado, em espírito sinodal, traçar caminhos de Amor e perdão entre nós. Ou assim insistimos ou seremos engolidos pelas "esfinges" , que, a partir da sua deformação humana, retransmitirão os conceitos da fé e da Igreja a partir da sua inversão.


Três polos encontramos invertidos em meios religiosos. Humanidade como ameaça a santidade. E, a partir daí, perpetram crimes e o ocultamento deles. O Estado como aliado da Igreja. E, a partir daí, a profecia é censurada e silenciada pelos poderosos. A via do poder entendido como aristocracia, ideia dominante e vem do nosso submundo que deseja dominar os nossos súditos. A gente só não se domina e não se respeita. Isso é aceno grave.


O histórico de abusos de todos os tipos como caminho de desconfiguração do Rosto de Cristo, tem raiz aí. Inclusive com reminiscências a falsa misericórdia e ao dito "demônio". Diante de um quadro de abuso geralmente atribuímos ao "demônio", e foi? Calma! O demônio existe sim como ente espiritual decaído que tenta a humanidade, e existe no comportamento das pessoas maldosas e perversas. Essas não precisam de exorcismos, precisam de cuidado. O exorcismo, como a Igreja ensina, é, sim, válido e necessário. Quem somos para desfigurar o ensinamento da Igreja, nossa Mãe? Lembrem da mulher encurvada no evangelho de ontem (Lc 13), 18 anos!!! Isso revela que os religiosos do tempo vivenciavam uma religião de distância. Eram de um discurso moralmente polido apenas. Eis o começo do cativeiro, seja humano seja religioso.


As pessoas simples acreditam em nós. Não em nós, mas no Divino que nos ungiu. Aqui está o nó. O eixo humano deformado já não distingue mais o bem do mal. E aqui começa nosso canto de amor e cuidado. Ou temos a hombridade e o respeito de chamar à mesa nossas expressões de fé ou seremos engolidos, não pela maldade em si, mas pela omissão de propormos uma ideia de fé e igreja, como essas do Brasil paralelo e afins. Ou das milícias que na próxima década superarão o número de católicos no Brasil.


Enquanto deliramos falando de comunismo, de fechamentos de igrejas, de falso papa, de falsa doutrina ou nos perdemos politicamente, seja por não termos base epistemológica, seja por não termos honestidade intelectual e espiritual. Em breve tempo seremos sugados por uma beligerante e doente ideia de Igreja.


Fico pensando naqueles dias em que tive que celebrar a missa com medo de levar um tiro de um dito fiel, ele ou ela acreditava piamente que os extramundos e os salvadores da sã doutrina e do nosso país católico era tudo, menos Jesus de Nazaré. Nos revestimos de armas e partimos para o combate da fé. Isso tudo em nome de Jesus, que no Alto da Cruz disse ao Bom Ladrão: ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).


Para onde estamos indo? Penso que no momento atual estamos estagnados e sem muito rumo.


Certos de que a Esperança em Cristo não decepciona (Rm 5,5). Ou amamos e propomos o amor e a verdade. Ou então estamos com dias contados. Podem crer! As profecias que desconsideram a ciência boa e séria levam-nos à barbárie.


Vejam os dias atuais. E quando verem o eufórico, quase alucinado Javier Milei, com ares de salvador, candidato à presidência na Argentina, lembrem que ele entrou há pouco mais de dois 2 anos na política. E lembrem também que Brasil, E.U.A, Argentina, produzem cerca de 90% da soja do mundo. O que tem haver isso com Igreja? Muito e muito. Lemos os sinais dos tempos? Qual nossa análise de conjuntura? Conseguimos falar para os intelectuais? Conseguimos estar nos debates públicos? Como somos tratados? Nos chamam para dar bênçãos e fazer algum Sacramento. E está tudo bem? Indagava o manso e capaz Frei Aloísio Fragoso, OFM; dias atrás. É pra rezar e pensar.


E viva a Igreja sinodal que cura-nos nesses dias sem profecia. Adoração e serviço é o nome da Igreja, disse o servo do mundo, Francisco de Buenos Aires. Um propõe a morte, o outro propõe a Vida (Dt 30,19). Que contradição! Fico com Jesus! Vosso. pe. Anderson Gomes.

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