Tudo entoa a glória de Maria

“Todas as nações cantam as vossas glórias, ó Maria: […] fostes exaltada acima dos Anjos, e triunfais com Cristo para sempre”.
A celebração da Assunção de Nossa Senhora aos Céus tem a capacidade de romper o tempo, carregando-nos consigo, para introduzir-nos no mistério festejado. Se, no tempo e no espaço, não estávamos em Jerusalém, pela graça da vivência litúrgica, contemplamos e revivemos o fato de que ela foi elevada pelos anjos em corpo e alma à glória de Deus; tornamo-nos, assim, testemunhas, pela fé, deste evento magnânimo.
Cantamos as glórias de Maria. Quem as canta? Os céus e a terra; quem neles habita. Canta Deus, apaixonado pela Sua mais perfeita criatura, imaculada de todo pecado, e a coroa com a Sua indizível e, até então, inacessível glória, de sempre chamada, vocacionada: “A figueira já começa a dar os seus figos, e a vinha em flor exala o seu perfume; levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem. Minha pomba, oculta nas fendas do rochedo, e nos abrigos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz. Tua voz é tão doce e delicado teu rosto!” (Ct 2,13-14). Cantam os anjos que a elevam como sua Senhora: “– Que é aquilo que sobe do deserto como colunas de fumaça, exalando o perfume de mirra e de incenso, e de todos os aromas dos mercadores? É a liteira de Salomão, escoltada por sessenta guerreiros, sessenta valentes de Israel. Todos hábeis manejadores da espada, e exercitados no combate; cada um deles leva a espada ao lado por causa dos terrores noturnos” (Ct 3,6-8). Cantam os homens e mulheres de todos os tempos e idades porque exclamam em referência à mulher escolhida “ab aeterno” para ser a Mãe de Deus: “‘Senhor, que é o homem para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?'. Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes” (Sl 8,5-7). Canta, humilde, reverente e conscientemente, a Virgem o seu hino de glorificação: “A minh'alma engrandece o Senhor e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador; pois, ele viu a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome!” (Lc 1,46-49).
- Sim, Virgem Maria glorificada após a terrena peregrinação, cantamos-vos porque sois sinal da nossa glorificação. Amparados pelas vossas preces e iluminados pelos vossos exemplos, redimidos pelo mistério da páscoa do vosso Filho e Senhor nosso que celebramos em cada Eucaristia, unimos as nossas frágeis vozes ao vosso retumbante hino de júbilo, em zombaria a satã maligno: “Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está teu aguilhão?” (1Cor 15,55). Assim como estais acima dos anjos coroada, também estaremos, ó Arca da Nova e Eterna Aliança! Junto com eles, levai-nos para sempre ao vosso Filho e Deus, pois só Nele temos vida. Amém.
Padre Everson Fontes Fonseca, vigário paroquial da Paróquia São João Batista (Conj. João Alves)